Colheita 2016

Colheita 2016
Seja bem-vindo! E que nunca nos falte o pão, o vinho e a saúde e alegria para compartilhar!

terça-feira, 30 de março de 2010

Podium de Espumantes


No mês de março os espumantes brasileiros estiveram presentes em duas importantes provas do automobilismo no Brasil.
No domingo, dia 14 de março, a etapa paulistana da Fórmula Indy no circuito de rua do Anhembi, recebeu o projeto setorial Wines from Brazil para o lançamento de uma campanha que levará os vinhos brasileiros para as churrascarias americanas. E no dia 28 de março a primeira prova da Stock Car 2010 em Interlagos foi comemorada com o espumante Dádivas Brut, da Vinícola Lídio Carraro tanto nos camarotes da corrida quanto no podium. A vinícola gaúcha estará presente em todas as provas da Stock, com ações em favor do vinho nacional.

Na foto o vencedor da primeira prova da Stock, Max Wilson.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma Casa Portuguesa Com Certeza!

Na última sexta-feira fui convidada para um jantar no restaurante Marquês de Marialva em Alphaville (SP). O restaurante, que reabriu há somente 5 meses, pertence ao casal Marcia e Antonio Joaquim Fernandes, que estão na foto abaixo.
Para quem está confuso, nem mesmo o próprio Antonio Joaquim Fernandes responde por esse nome. Ele se reconhece pelo nome que ganhou quase aos 20 anos no Brasil: Roberto Leal.
Foi um jantar memorável em muitos aspectos. Márcia - que é quem administra o local - é uma pessoa sóbria e de muito conhecimento místico. Daquelas pessoas ao lado das quais se pode ter longas conversas sobre os porquês dos homens e do mundo sem nunca tirar o pé da realidade.
Roberto Leal é, como se espera, uma alma artística, que mescla firmeza e doçura.
Confesso que não sei dizer se é mais brasileiro ou mais português, uma vez que as duas coisas estão tão misturadas nele quanto em nossa nação, de verdadeira alma portuguesa.
Jantamos um delicioso carpaccio de polvo, sutil, saboroso, bem acompanhado de um Chardonnay nacional e um Bordeaux branco de uvas Semillon e Sauvignon Blanc. Gostei mais do Chardonnay.
Depois provamos as alheiras, preparadas com capricho artesanal pela irmã de Roberto. O outro português que nos acompanhava no jantar ficou com lágrimas nos olhos ao provar o prato. Meu marido disse que poderia comer somente aquilo a noite toda. Nos acompanhou um jovem e fresco Pinot Noir.
Recebemos, então, o Bacalhau a Pero Vaz, feito no forno de alta pressão, com delicadas fatias de cebolas, tomates e pequenas batatinhas. Não tenho palavras para descrever a suliteza desse prato.
O prato de carne foi representado por um filé mignon com molho escuro, um talho de queijo Serra da Estrela e maçãs ligeiramente carameladas. Um assemblage de Touriga Nacional, Cabernet e Merlot encarou com galhardia o prato intenso.
As sobremesas, na melhor tradição portuguesa, foram um show à parte. Cones de amêndoas, pastel de natas e pudim de azeite com azeitonas carameldas, tudo isso acompanhado de um vinho fortificado de moscatel nacional delicioso.
Mas preciso falar de outra coisa: Roberto apresenta, em algumas poucas noites por ano, um show intimista de fado lá no restaurante. Dá para acreditar? Sua arte tem se expandido por muitos novos sons  - basta escutar a linda (linda!) música que está no site do restaurante, que faz parte de um CD que não será lançado no Brasil por ter um repertório considerado pouco popular pelas gravadoras brasileiras. Chama-se 'Raízes' e é um passeio pela história da música portuguesa. A faixa que está no site fala das fofoqueiras que se encontram na praça para lanchar e falar da vida alheia. Mas os sons, a voz de Roberto e a melodia são tão lindos que nem se nota a verdadeira estorinha da música. Escutem por lá: www. marquesdemarialva.net
Só posso agradecer por essa noite tremendamente especial, com pessoas belas por dentro e por fora. Boa comida, boa bebida, boa música e excelente conversa.
"Numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa. E se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente!"

sexta-feira, 26 de março de 2010

O Limbo (a gangue se reúne)

Sabe por que o 'sacana' está rindo? Porque ele já descobriu a quem culpar.
Já viu político em ano de eleição dizer não a um novo imposto? Senhor Guido Mantega que o diga, e fez o que se esperava. Em reunião com alguns 'suspeitos usuais' do mundo do vinho ontem em Brasília, o ministro antecipou que fará uma divulgação oficial no próximo mês em Porto Alegre da implementação do selo fiscal para os vinhos nacionais e importados.
Sou contra, contra, contra e contra.
E caso alguém ainda não tenha entendido: sou contra. Quer saber mais? Faça uma simples pesquisa em blogs com esse tema e veja alguma das reações.
Duas perguntas, no entanto, não me saem da cabeça mesmo diante de tamanha indignação: Além do governo (obviamente) quem ganha com isso? Se o selo for mesmo implantado, quem vai fiscalizar contrabando, desmandos, falsificações? A nossa bem equipada, bem paga, bem armada e muito culta e idônea força policial?
Encerro esta semana sem brinde. Se eu fosse de tomar talagadas de cachaça, hoje a dose do Santo seria bem maior e muito bem justificada, pois só a fé explica o que move algumas pessoas inomináveis desse setor a achar que mais imposto resolve, que nossos bons vinhos podem arcar com mais uma elevação de preços e burocracia, uma vez que já são considerados muito caros pela grande maioria das pessoas.
Aprovar um selo retrógrado como esse sem abrir essa discussão para todos os envolvidos no setor é de uma barbárie sem par.
A gangue que promoveu isso deve estar levando o deles. É bom que não se esqueçam: até os grandes vinhos viram vinagre.
Triste, muito triste.


quinta-feira, 25 de março de 2010

All Things Porc!

Costumo dizer que uma das razões para eu não virar vegetariana (ainda não, mas um dia com certeza) são os bons porcos. Nada de filhotes, que me perdoem os apreciadores de leitões...
Nessa minha última viagem ao Vale dos Vinhedos tive uma oportunidade muito especial de conhecer um casal mineiro trazido ao vale especialmente para o evento da Pizzato.
Carlos e Lilia Chiari são donos de um buffet em BH, mas isso não é o mais importante. Eles são donos de uma salumeria e panetteria e nos trouxeram alguns de seus produtos para provarmos antes do almoço feito por Giovana, esposa do enólogo Flávio Pizzato.
Na foto ao lado estão duas coisas muito especiais: uma garrafa do vinho Concentus Pizzato de sua primeira safra de 2002 (que Jane Pizzato nos ofereceu por estar ela mesmo impressionada com a longevidade do vinho) e um prato meio cheio meio vazio das delícias dos Chiari.
Prosciuto Crudo, pernil traseiro de porco curado com sal nos melhores moldes da cidade de Parma, Speck, presunto típico do Alto Adige, com muitos condimentos e defumação a frio, Capocolo, a verdadeira copa, preparada com os lados do pescoço do porco e um salame com mais de três meses de cura, firme, denso e marcante.
Para acompanhar, duas outras especialidade de Chiari, servidas por ele mesmo: foccacia e ciabatta, ambos os pães preparados com fermento natural de maçãs.
Nesta semana, naquele almoço do Parigi, me perguntaram do que eu gostava, uma vez que não sou tremendamente fã de doces, praticamente não como queijos e rejeito vários tipos de carnes, incluindo a da moda (o cordeiro). Minha resposta foi: gosto de vinho, de pão, de azeite e de maçãs verdes. Entre tantas outras coisas, claro.
Mas um pouco dessa resposta veio de uma aprecição que tenho tido (e da qual meu marido compartilha felizmente) das coisas mais simples (não simplórias e nem mal feitas). Um vinho honesto, um bom azeite, um pão fresco e perfumado, frutas doces naturalmente, hortaliças e verduras crocantes, água fresca, carnes que não precisam de subterfúgios e massas delicadas, que nada pesam na boca nem na barriga.
É bem mais difícil do que parece.
Felizmente para o pessoal da Chiari não parece ser. Os produtos mineiros me deixaram impressionada, acompanhados de uma conserva de cebolas com aceto balsâmico e uma leve caponata feitas pela chef Giovana, compuseram com os vinhos da Pizzato uma refeição inesquecível.
Na última foto, Carlos Chiari serve sua foccacia, cortada com tesoura diretamente da forma ainda morna. A vida realmente não fica muito melhor do que isso...
O site da família Chiari é: www.chacarachiari.com.br

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Bom Trabalho

Nesta semana, como já falei aqui, a Quinta Santa Maria (de São Joaquim - SC) está apresentando seus vinhos em SP para jornalistas, enófilos e compradores potenciais. Na foto abaixo estão, da esquerda para a direita, o sócio português Nazário Santos, o enólogo Jean Pierre Rosier, a sócia Ana Oliva e o jornalista e sommelier João Lombardo. Nas mãos eles têm o tinto Mosaique.

Uma série de eventos que ocuparão a semana toda está programada para acontecer. Eu estive presente no almoço da segunda-feira no restaurante Parigi na rua Amauri e quero comentar algumas coisas com vocês.
Antes de mais nada é bom lembrar que  o Parigi é um dos restaurantes do grupo Fasano e fica ao lado da loja de vinhos deles, a Enoteca Fasano (onde era o Baretto, para mim o melhor piano bar que já existiu em SP, com a possível exceção do San Francisco Bay Bar que existia na década de 1980).
Mas voltemos ao assunto: o Parigi é um daqueles restaurantes onde o mundo parece parar quando as portas fecham atrás de vocês. Discreto, sem excessos visíveis (sim, eles estão por todos os lados, mas tão bem integrados que tudo parece natural) e com uma equipe de fazer inveja a muitos restaurantes de SP.
Eu digo isso pois já fui (ou tentei ser...rs) gerente de restaurante em SP e sei como é difícil gerenciar equipes de salão, cozinha etc. As pessoas parecem aprender e entender as regras mas no momento da realização, da casa cheia, de 'mostrar serviço' as coisas podem desandar de forma horrível.
Claro que o cliente só percebe isso quando é tarde demais (péssimo quando isso acontece) pois uma equipe bem afinada antevê erros alheios e consegue diminuir os problemas até quase sumirem.
Então, eu estava de olhos bem abertos vendo a equipe trabalhar. E fora uma ou duas olhadas discretíssimas para dentro dos decotes das poucas mulheres presentes (ha ha ha! ninguém é de ferro), o serviço foi excelente, como é o padrão da casa aliás.
E isso, levando em consideração que a mesa posta para quase 20 pessoas não facilitava a circulação, os pratos não eram os mesmos para todos os presentes e foram servidos 8 ou 9 vinhos em taças diferentes.
O chefão (Manoel Beato - sommelier referência para qualquer um que um dia pretenda seguir essa carreira) deu uma passada para provar os vinhos - temperatura, taças e detalhes específicos para o sommelier do Parigi - e para cumprimentar um a um todos os presentes com sua simpatia habitual e depois deixou o serviço nas mãos da equipe de lá.
Gostei de ver. Ou melhor, de ver, de beber, de conversar e de comer...
Na foto que segue está a entrada escolhida por mim, um Bacalao Mantecato escandalosamente bom (a cozinha que mescla as tradições francesas e italianas ofereceu um menu com opções das duas culinárias para cada um escolher), acompanhado de dois Chardonnays, o Utopia Glamour da QSM e o Tres Palacios chileno, de importação da Enoteca, servidos ao mesmo tempo para comparação de estilos e harmonização. Nenhum dos dois fez feio e acredito que seja mais uma questão de estilo do que de qualidade a escolha de um dos dois para acompanhar o prato.
Agradecimentos ao pessoal da QSM pela oportunidade e ao pessoal do Parigi pelo bom trabalho.
Arrivederci e Adieu!

terça-feira, 23 de março de 2010

Das Gut!

Recebi da assessoria de imprensa do Ibravin uma notícia que vou compartilhar com vocês:
Terminou hoje a participação do Brasil na Prowein 2010, em Dusseldorf na Alemanha. Entre domingo dia 21 e hoje 23,  12 empresas brasileiras (Aurora, Casa Valduga, Campos de Cima, Irmãos Basso, Lidio Carraro, Lovara, Miolo, Panceri, Piagentini, Pizzato, Santon e ViniBrasil) enfrentaram segundo maior mercado importador de vinhos do mundo e o quarto maior em consumo.
É a 6a vez que o Brasil participa dessa feira, através do projeto setorial Wines from Brazil (WFB), uma parceria do Ibravin e da Apex-Brasil (a agência governamental de fomento às exportações).
Cinco das vinícolas acima participaram pela primeira vez da Prowein, sendo que duas delas estrearam na feira com sua primeira participação em eventos internacionais.
Na foto abaixo está Andreia Gentilini Milan, a gerente do WFB (de azul, em pé no meio da foto), observando o jornalista alemão que conduziu uma degustação de nossos vinhos para seus compatriotas.






segunda-feira, 22 de março de 2010

Luto

"Aos que entendem, nenhum explicação é necessária, aos que não entendem, nenhuma explicação é possível."
Perdemos hoje uma companheira de mais de 15 anos, nossa gata Rau-Rau.
Pequena e delicada, uma lady em muitos sentidos. Veio da rua trazida por um gato amigo e nos consquistou a todos.
Sua falta será sentida por muito, muito tempo.
Descanse em paz minha gatinha.

domingo, 21 de março de 2010

Novos vinhos da linha Utopia da QSM serão lançados em São Paulo




Amanhã, segunda-feira, serão lançados para a imprensa de São Paulo os novos vinhos da Quinta Santa Maria, de São Joaquim (SC).
Até agora a vinícola só possuia dois rótulos que, embora poderosos em qualidade, não eram suficientes para mostrar as virtudes da vinícola ao mercado: Utopia tinto - um dos primeiros vinhos muito caros do mercado nacional e com grande potencial de guarda e o Portento, na minha opinião o melhor vinho fortificado nacional.
A QSM tem entre seus sócios o português Nazário Santos, determinado e disciplinado conhecedor de frutas - atividade à qual se dedicava em Portugal - e a preciosa consultoria do enólogo Jean Pierre Rosier - praticamente o primeiro enólogo brasileiro a apontar a qualidade das regiões de Santa Catarina para o cultivo de uvas viníferas.
Daí que é fácil perceber que o que eles trazem para o mercado não é coisa pouca. A linha Utopia vai contar agora com sete vinhos (um deles só chegará ao mercado no final do ano, quando termina seu estágio em barricas) e o Portento tinto vai ganhar a companhia do Portento Branco (preparado com uvas Moscatel no melhor estilo português).
Uma das boas surpresas é da foto ao lado. São somente 600 garrafas de um Chardonnay delicioso, chamado Glamour, que eu provei em outubro do ano passado, na propriedade da QSM nas margens do rio Lavatudo, um 'micro-Douro' nacional, onde Nazário e Jean Pierre exercitam suas ousadias nos cultivares de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Aragonês e a única branca, a Chardonnay.
Além do Glamour, vai valer a pena provar o Pinot Noir (Utopia Noir - somente 800 garrafas numeradas) e os blends de Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Tinta Roriz que completam a linha.
A sede da vinícola, embora pequena em tamanho, tem estruturas muito eficientes e adequadas para todos os usos (como na foto abaixo), com uma cantina na encosta de um dos morros onde são plantadas as vinhas, no melhor estilo de Portugal.
Para completar, há uma pequena casa ao lado de um lago, onde alguns convidados são recebidos com uma simpática mistura de culinária catarinense e portuguesa, acompanhada dos vinhos deliciosos. Infelizmente essa casa ainda não é um restaurante para o público em geral, mas quem sabe essa idéia não pode ser aproveitada por eles?
Com a chegada dos novos rótulos da QSM serão muitos bons goles a acompanhar aqueles que já nos chegam das terras frias e altas de Santa Catarina. Que obtenham o sucesso que merecem!


sexta-feira, 19 de março de 2010

"When Autumn Leaves Start to Fall"



Amanhã começa o outono (Autumn ou Fall em inglês) e também entramos no signo solar de áries.
Pensando na história do mundo, quase toda contada com o olhar do hemisfério norte e algumas vezes do oriente, lembro-me que em um passado distante, antes de nosso calendário Gregoriano, o ano começava agora, por isso áries é o primeiro signo do zodíaco.
Lá pra cima do globo a primavera chega e a vida ressurge da quietude e dormência do inverno. Nós aqui,  ainda que em temperaturas mais altas, faremos o oposto.
Na mitologia está próxima a época em que a filha da deusa da colheita deixa sua mãe e volta ao mundo dos mortos onde ficará com seu marido até o começo da primavera.
Sua mãe (Ceres para os romanos e Deméter para os gregos) deusa da agricultura, das colheitas e da maternidade, faz a terra adormecer durante o período em que sua filha está longe dela.
Aqui a natureza se transforma dos verdes para os vermelhos, do vento quente para a brisa fresca, da luminosidade difusa e clara do verão, para as sombras duras e brilhantes do outono.
Eu sou filha da primavera, assim como minha mãe, mas amo as cores desta estação e os frutos preciosos que ela me trouxe: meu marido, minha afilhada e meu sobrinho - arianos fortes, quentes e adoráveis, tão cheios de vida e em sintonia fina com o universo que chegam a me assustar.
Para esses lindos dias de outono, sugiro vinhos que carreguem suas cores: rosés intensos e frescos para os dias ainda quentes, Pinot Noir amarronzados e delicados, vinhos de sobremesa em todos os tons do outono, para adoçar a estação.
E para completar, que tal uma bela música? "Autumn Leaves" na voz (voz? voz tenho eu, quem canta no vídeo indicado tinha os sons da paz morando nas cordas vocais) de Nat King Cole, ou a versão francesa "Les Feuilles Mortes" com Edith Piaf. Estão ambas no youtube, no endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=9IDUxk9sSXI
A foto que ilustra este post foi feita no chalé "Casa das Ervilhas II" da pousada Borghetto Sant'Anna, no Vale dos Vinhedos (www.borghettosantanna.com.br), um lugar adorável, onde tudo está ordenado para nos trazer paz!
Feliz Outono para todos!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Molto Buono!

Il dessert: Cannoli Siciliani con Gelo di Caffé 
Il vino: Diamante D'Almerita Passito 2006 (importado pela Mistral)

Será que é preciso dizer mais alguma coisa?
Ah! Sim, quem não entende as poucas palavras em italiano (que francamente estão quase em português) não vai ter tradução aqui não. São duas as escolhas: ir aprender italiano ou ir até a Vinheria Percussi, aqui em São Paulo, para comer o menu especial da Sicília e depois...bem depois é só ajoelhar e rezar!

I due cuochi: Silvia Percussi e Fabrizia Lanza


Os irmãos Silvia (à esquerda na foto) e Lamberto Percussi, que há 25 anos são os responsáveis pelo sucesso da Vinheria Percussi (ela é chef e ele entende de vinhos melhor do que 75% dos 'ditos' especialistas deste país), recebem nesta semana para uma série de jantares especiais, a chef italiana Fabrizia Lanza (à direita na foto), com um menu SUPER especial da terra natal da chef, a Sicília.
A harmonização é feita com os vinhos Tasca D'Almerita Regaleali, vinícola da família da chef.
Não poderia ser melhor, francamente. Casa cheia, o carinho de sempre dos irmãos para com seus clientes, a presença do pai (Luciano Percussi, autor do delicioso 'Viagem Enológica pela Itália), a simpatia da chef siciliana e, é claro, os cannoli!!!!
O menu todo estava maravilhoso, desde a entrada de salada verde e camarões marinados com orégano que a chef trouxe de sua terra, o prato que vocês vêem na foto abaixo 'Pasta a la Norma', de uma simplicidade irritante, daquelas que leva anos para conseguir fazer "parecido" e o 'Agnello al rosmarino con patate & caponata' (mas essa caponata levava cebolas roxas, azeitonas verdes e funcho).
Os vinhos foram TODOS bons e ao menos dois foram excelentes.
O menu especial será servido no restaurante até o final deste mês de março, mas a chef italiana só fica por aqui esta semana, afinal ela roda o mundo mostrando a culinária de sua linda região italiana.
Buon Apettito!

 

Uma pequena grande vinícola!

Na foto ao lado está o patriarca Plínio Pizzato, pai de Flávio, Flávia e Jane, todos envolvidíssimos com o negócio da família, que é plantar uvas e fazer vinhos. Bons vinhos!
Sábado passado os Pizzato receberam, em sua propriedade no Vale dos Vinhedos, um grupo de turistas que veio participar do último dia de festa da colheita da vinícola.
Na verdade, as uvas finas deles já foram todas colhidas, mas a festa aconteceu assim mesmo, sob um pequeno parreiral de uvas de mesa, conservado por 'seu' Plínio para que as pessoas possam colher uvas na festa e conhecer a diferença entre um parreiral em 'latada' e um parreiral em 'espaldeira'.
Essa parte das terras da família é onde ficam as parreiras da uva Egiodola, com mais de 17 anos, plantadas por Plínio a partir de mudas que ele trouxe do Uruguai há mais de 20 anos.
Plínio é um homem simpaticíssimo, forte, determinado, mas com uma doçura impressionante no olhar, no trato com as pessoas e com as parreiras, sua lida e dedicação diária.
Tanto os parreirais do Vale quanto os da propriedade de Dr. Fausto, estão sob o olhar atento e cuidados dele, uma vez que a família ficou famosa até o começo da década de 1990 somente por vender excelentes uvas. "Era muito mais fácil" conta Plínio com um sorriso maroto. "As pessoas me diziam que eu iria me arrepender de começar a fazer vinho, pois isso sim dava trabalho" lembra ele. E como dá trabalho. Todos os dias do ano, em anos de boa safra e em anos de safra difícil.
Mas nesse dia encontramos um Plínio relaxado, a colheita toda feita, as uvas sendo processadas pela equipe de enólogos chefiada por seu filho Flávio e ele podendo mostrar suas terras para gente que há muito não põe as mãos em uma planta, para gente que jamais comeu uva direto da parreira, para gente que aprecia o produto final, mas sem saber exatamente como ele é feito.
Plínio parece satisfeito quando nos leva até a cave escura, onde repousam algumas garrafas raras e nos mostra o fruto engarrafado da dedicação de sua família. Não se incomoda com as obras que estão acontecendo acima (finalmente a Pizzato está construindo instalações mais elegantes, para combinar com a qualidade de seus vinhos) e nem com as dezenas de perguntas que faço. Sorri levemente, responde tudo e depois pede ajuda para encontrar uma caixa que contêm as primeiras garrafas de Chardonnay que a vinícola fez. "As pessoas vão dizer que vinho branco só se conserva bem se for amadeirado, este não tem madeira. Prove e depois me diga o que achou" pede Plínio.
Pego a garrafa emocionada. Não sei se terei coragem de beber. Mas sei que lhe devo uma resposta, então trago a garrafa para SP em minha bolsa de mão, ao lado de uma outra preciosidade deles sobre a qual falarei no próximo post.
Saúde família Pizzato! Vida longa e bons goles!

terça-feira, 16 de março de 2010

Uvas no Vinhedo

Quem tem acompanhado minhas postagens por aqui viu que estive na Festa da Vindima da Casa Valduga em meados do mês de fevereiro. Trabalhei, fiz entrevistas, tirei muitas fotos e aos poucos vou colocando novidades.
No final de semana, fui ao último dia da festa da colheita da Pizzato lá no Vale dos Vinhedos (como já contei também) e, conversando com o patriarca Plínio Pizzato, ele me disse que as uvas finas já foram todas processadas até a semana passada. Outros enólogos e proprietários de vinícolas com quem conversei por lá disseram o mesmo. Aos meus olhos, o vale já parecia sem uvas nos parreirais.
Qual não foi minha surpresa, então, quando fui almoçar no restaurante Maria Valduga com meu marido no domingo e encontrei com o enólogo Eduardo Valduga. Perguntei, só para me certificar, se a colheita havia terminado por lá e ele me disse que não...
Mais tarde, Eduardo nos levou até o parreiral de Cabernet Sauvignon que fica nos fundos da propriedade principal da Valduga. E lá estavam, resistindo bravamente às intempéries, os mesmos cachos de Cabernet que fotografei há pouco menos de um mês. Veja abaixo, na foto da esquerda a imagem feita no dia 20 de fevereiro e na foto da direita a imagem feita no dia 14 de março.


É praticamente a mesma fileira (até por que eu não tinha ideia de que iria voltar e muito menos de que as uvas ainda estariam lá) que fotografei na primeira viagem.
Eduardo me mostrou que os cachos estão bem. Terão que ser colhidos com cuidado extra e separados manualmente antes da prensagem, mas resistiram ao teste do tempo e ainda devem esperar mais uma semana até serem colhidos.
Aposta arriscada da Valduga, mas que poderá garantir um dos melhores (senão o único realmente no ponto) Cabernet Sauvignon do Vale dos Vinhedos neste ano.


segunda-feira, 15 de março de 2010

Tudo pode Mudar! - Parte 2


Vou tentar resumir.
Em 1930 a família Piagentini (que chegara em São Paulo poucos anos antes vinda da Itália) importava vinhos a granel e os engarrafava aqui. Um dos mais famosos desde aqueles tempos é aquele da garrafa bojuda, revestida de palha, pendurado em 9 entre 10 cantinas paulistanas.
Na década de 1950 uma parte da empresa foi para Andradas em MG e no começo da década de 1970 também ficaram pés em Caxias do Sul (foto acima).
Hoje, a Vinícola Piagentini é uma empresa grande, diversificada entre bebidas quentes (destilados), frias (vinhos, sidras etc) e alguns produtos com base de vinho utilizados na culinária. Aos 70 anos, tal qual um ser humano bem vivido, a empresa já viu altos e baixos em sua história e teve que se reinventar algumas vezes.
A última vez, há quase 10 anos, veio pelas mãos de Flávio Piagentini, 3a geração da família, e direcionou esforços e recursos para duas linhas de vinhos finos dentro da empresa, famosa por seus vinhos comuns.
Para auxiliá-los, a empresa foi buscar no Uruguai o talentoso e jovem enólogo Alejandro Cardozo, na foto abaixo durante nossa breve degustação na última 6a feira. Com uma enorme responsabilidade como proposta de trabalho, Alejandro recebeu carta branca da empresa para fazer as modificações necessárias  e conseguir compor uma linha de vinhos capaz de trazer a empresa para o século XXI.
Conseguiu. A linha 'Boutique' é ágil e a linha 'Décima' é elegante e inovadora.
Ainda restam muitos desafios e a empresa está investindo pesado em renovação física neste e no próximo ano. Leva a sério suas linhas de grande volume e permite ao enólogo algumas ousadias, como a de trabalhar sem vinhedos próprios.
Meu convite para aqueles que se permitirem mudar um pouco é: provem o espumante rosé brut Décima Pinot Noir, o Brut Gran Reserva (Chardonnay e Viognier) e o tinto Gran Reserva 2005 (uma combinação de cinco uvas que leva até Pinotage). E se quiserem começar pelo bom e barato, procurem o Prosecco Brut da linha Boutique, e depois de beber me contem.
Bons goles!

Tudo pode Mudar! - Parte 1

Aqueles que me conhecem (ou quem já leu algumas das minhas reportagens) sabem o que eu tenho 'contra' os vinhos que não são feitos com uvas viníferas.
Acredito que todo e qualquer vinho deve ser feito com o maior padrão de qualidade possível (e até isso parece ser difícil em algumas indústrias de vinhos comuns - como eles são chamados no meio do vinho), pois enganar o consumidor de qualquer maneira é muito mesquinho e, por que não, criminoso em alguns aspectos, quando por exemplo, se comercializa com o nome de vinho uma mistura de corantes, aromatizantes e álcool de cereais.
Na minha opinião, o paladar de todos nós está em constante evolução e uma dessas escalas evolutivas é precisamente a mudança do vinho comum para o de uvas viníferas. Jamais vi alguém exposto a essa mudança que tivesse voltado atrás.
Assim, não vejo outra resposta ao argumento daqueles que fazem somente vinhos comuns e são categóricos ao dizer que esse tipo de vinho jamais vai deixar de ser consumido, senão a de que estão confortáveis ganhando muito dinheiro e não se preocupando com o paladar do consumidor.
Mas uma significativa parte das empresas que foram, por muito anos, dedicadas a fazer vinhos comuns (alguns até bem feitos guardadas suas limitações) vem colocando em seus portfolios ao menos uma linha de vinhos finos.
O mais incrível é que muitas delas que afirmavam que não precisavam fazer mais nada pois o consumidor não quer mudar, deixam de usar o nome pelo qual são conhecidas do grande público para apresentar novas linhas ligadas a 'nova fase' da empresa. Se elas ganham dinheiro há tanto tempo assim, por que elas têm vergonha do nome que fez sua fortuna?
Claro que o marketing explica isso, e muito bem, mas fica para outra postagem isso.
Só para dar nomes ao garrafões, aqui estão algumas empresas importantes que vem mudando seus perfis significativamente nos últimos anos: Aurora, Salton, Piagentinni, Casa Motter (Don Guerino na foto abaixo) e Perini (leia-se Jota Pê).
Mais sobre isso na parte 2.


São Paulo Infernal

23 km separam a minha casa do Aeroporto de Congonhas.
Na última sexta-feira o tempo para percorrer essa distância foi de 2h15. "Facilitado" por uma rota alternativa, uma vez que o caminho mais curto estava intransitável. Vários problemas no trânsito - embora nenhum deles digno de nota ou atenção do poder público - fizeram desta uma cidade infernal.
O voo para Caxias do Sul partia às 9h02 e como eu já havia feito o check in pela internet me permiti sair de casa às 6h30.
Perdi o voo. Cheguei ao aeroporto às 8h45 e não pude embarcar no avião da Gol.
Multa, diferença de preço de passagem, telefonemas para a locadora de veículos, para o enólogo que me esperava para o almoço em Caxias e muita irritação depois, embarquei em um voo para Porto Alegre.
A chegada em Caxias do Sul, inicialmente prevista para 10h30, acabou acontecendo às 15h15.
Finalmente as coisas começaram a melhorar e meus próximos posts vão contar um pouco de mais essa agradável experiência no RS.
Mas SP - que eu adoro - me deixou muito, mas muito infeliz na última 6a feira.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dia da Colheita na Pizzato

Amanhã, dia 13 de março, terminam quase todas as festas de colheita no Vale dos Vinhedos.
Terei o prazer de participar do Dia da Colheita na Vinícola Pizzato, ao lado de pessoas que são muito, mas muito queridas para mim, a família Pizzato.
Aqui fica uma confissão: depois da partida prematura de Ivo Pizzato (jovem e promissor enólogo da família, falecido em 2007), eu tive muita dificuldade de voltar a visitar a Vinícola. Ivo foi e continua sendo uma pessoa muito querida, um homem talentoso e discreto, inteligente e dedicado como poucos (na primeira foto abaixo - esquerda-, nos vinhedos da família em 2006).
Mas no ano passado, ao final da Avaliação Nacional de Vinhos, seu irmão e também enólogo, Flávio Pizzato (na segunda foto abaixo), convidou a mim e a mais três amigos participantes para visitarmos com ele a vinícola. Não tive como negar e isso foi muito bom, pois voltei a um lugar especial no Vale, onde são feitos vinhos exemplares e por uma família que consegue fazer de cada dia uma vitória e uma homenagem.
Então, eu também vou fazer isso. Ao participar desse último dia da colheita da safra 2010, ao lado da família Pizzato e desta vez acompanhada de meu marido (que também admira essa família), terei em meu coração a transitoriedade da vida e a verdade de que só há o momento presente para sermos felizes, só existe uma chance para dizer obrigado e parabéns e ela é agora. O 'depois' pode ser tarde demais. Não percamos tempo pois!
Obrigado desde já para TODA família PIZZATO, por esse convite maravilhoso!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vinho em alta Velocidade

No próximo domingo, dia 14 de março, a Fórmula Indy chega a São Paulo, mais precisamente ao Anhembi. O projeto setorial integrado Wines from Brazil (que fomenta as exportações de vinhos brasileiros) aproveita a ocasião para lançar uma ação promocional diferenciada, que levará os vinhos brasileiros participantes do projeto para 40 churrascarias brasileiras localizadas nos Estados Unidos. O ineditismo fica por conta desta ser a primeira vez que os vinhos vão chegar diretamente ao consumidor final. 
Em release divulgado para a imprensa, a gerente de Promoção Comercial do projeto, Andreia Gentilini Milan afimou: "Além de despertar no consumidor americano o interesse em conhecer os vinhos do Brasil, queremos aumentar as vendas e a visibilidade das vinícolas brasileiras".
Essa ação vem sendo estudada há tempos e, no ano passado, a gerente Andreia esteve em uma das provas da Fórmula Indy nos EUA, apresentando nossos vinhos para um grupo de compradores americanos, em um camarote especial. Na foto abaixo, tirada na ocasião, Andreia aparece com o piloto brasileiro Tony Kanaan, em Miami.
Infelizmente, não pude aceitar o convite para o lançamento da campanha e para assistir a prova pois vou trocar de lugar com os gaúchos mais uma vez. Eles virão para São Paulo e eu vou para Bento Gonçalves, mas desejo muito sucesso ao evento e também para a campanha, pois os EUA são um dos mercados mais importantes para o envio do vinho brasileiro. Cheers!

terça-feira, 9 de março de 2010

Ainda dá tempo!

A pós-graduação em Administração de Negócios do Vinho vai começar na próxima 3a feira, dia 16 de março, na unidade da avenida Francisco Matarazzo do SENAC-SP.
Ainda existem algumas vagas nessa primeira turma do curso que, em boa hora, vai preparar aqueles que levam o mundo do vinho a sério e não vendem "Sang du bouef" como se fosse um Grand Chateaux.
É impressionante o quão pouco algumas empresas e importadoras se preocupam com a preparação daqueles que irão justamente vender seu produto.
De que adianta fazer vinhos melhores, lutar com taxas de importação e impostos internos e depois dar o produto na mão de uma pessoa que não conhece nada desse meio? Assim não dá para reclamar que o consumidor é que é ignorante e que o brasileiro bebe pouco vinho.
Educação pessoal! Educação!

Informações sobre o curso no site do SENAC: www.sp.senac.br


segunda-feira, 8 de março de 2010

O Vinho Feminino e Masculino

A vinha - mãe - é feminina,
O cacho, o fruto - masculino,
A taça - receptáculo - é feminina,
O líquido, o vinho - masculino,
Entrelaçados, como cacho e gavilha,
Em dias que não têm título e nem comemoração,
Em vinho somos todos um só coração.




Para algumas mulheres muito especiais do vinho brasileiro um brinde: Claudia A. Stefenon, Juciane Casagrande, Gabriela Poletto, Gabriela Jornada, Taís Klein, Vanessa Stefani, Regina Vanderlinde, Geyce Salton, Maria Amélia D. Flores, Marta Ágoas, Patrícia Poggere (enólogas), Jane e Flávia Pizzato, Isabel e Patrícia Carraro, Melissa Gheller, Morgana Miolo, Eliana Cerveira, Adriana Biasoli, Daniela e Luciana Salton, Ivane Fávero, Elizabeth Binotto, Andréia Gentilini Milan, Kelly Bruch, Italia Vladis, Fernanda Teixeira (comercial/marketing/administração), Cris Bielecki, Débora Ribeiro, Denise Cavalcante, Thais Zanchettin, Alessandra Casolato, Luciana Moglia, Bete Duarte, Simoni Schiavo, Suzana Barelli (jornalistas), Eliana Araújo, Juliana Reis, Deise Novakoski, Daniela Zandonadi, Carina Cooper, Lis Cereja (sommeliéres).

domingo, 7 de março de 2010

Ideias para variar o queijo e vinho



Essa eu trouxe da última viagem ao Vale dos Vinhedos. A Casa de Madeira,  mais um dos negócios da família Valduga, produz geléias especiais há bastante tempo, mas nos últimos anos transformou a sua linha para abraçar produtos gourmet.

Claro que ainda existem as tradicionais geléias de amora, frutas vermelhas, caqui (todas com frutas de produção deles mesmo), mas as novidades são a geléia de Malbec, de Cabernet Sauvignon, de maçã com phisallys e de morango com pimenta. São geléias para acompanhar alimentos e não só para passar em torradas. A de morango com pimenta fica deliciosa com queijo árabe do tipo chancliche e a de maça com phisallys é perfeita com carne de porco.
A verdade é que a mudança da estação está chegando e sempre vale a pena tentar modificar um pouco aquele 'queijo e vinho' que fazemos em casa para os amigos ou para um jantar a dois.


Além das geléias especiais - que ficam uma delícia com roast beef bem fininho e pão ciabatta - coloque maças verdes (principalmente se for provar mais de um vinho) a acidez delas limpa a boca e prepara para outro tipo de alimento, compre também uvas sem sementes - atualmente já existem brancas e rosadas, são doces e crocantes e ficam lindas na mesa como enfeite de centro.
Faça uma salada simples, daquelas que não necessitam de faca para serem comidas, como a salada grega (tomate em pedaços, pepino japonês em fatias ou cubos, cebola roxa, queijo feta (ou fresco de boa qualidade), pimentão vemelho em cubos e um vinagrete de ervas frescas com bastante azeite de oliva saboroso), espetinhos caprese (tomate cereja, mussarela de búfala, folhas de manjericão e azeite extra virgem) ou uma salada maravilhosa com figos frescos e maduros em metades, folhas de agrião e rúcula, tiras finas de presunto parma e um tempero de pimenta fresca moída, aceto balsâmico e azeite bem batidinhos - essa salada espalhada em um prato grande, fica linda servida com o molho a parte e pão bem crocante.
Compre pães diferentes do comum, alguns mais doces, outros salgados ou cobertos com gergelim, torradas tenperadas em casa (use aquele pão francês amanhecido e faça uma manteiga temperada com alho, azeite e ervas, seja generosa na camada sobre o pão e leve ao forno, o aroma é irresistível) e não esqueça de variar os queijos. Parmesão e provolone são bons, mas são ambos gordurosos e salgados, escolha só um deles. Cuidado com os patês comprados prontos, quase todos tem a base de ricota, que faz com que tudo fique com a mesma textura e muito 'leitoso'. 
Você também pode servir legumes grelhados, como fatias finas de berinjelas, abobrinhas, pimentão vermelho e cebolas. Isso costuma agradar demais aos vegetarianos e àqueles de olho na boa forma. Também fica bonito (se estiver calor) fazer um pote de cruditês - são vegetais crus, cortados em pedaços pequenos mas manuseáveis, colocados em um copo baixo. No fundo do copo você pode colocar sal grosso e azeite. Ideias para isso são cenouras, pepino e o bulbo da erva-doce. Vai fazer sucesso e não compromete a figura de ninguêm. 
Tudo pronto? Escolha uma toalha lisa (pois o que tem sobre ela já é um belo enfeite), guardanapos de pano ou então guardanapos de papel grandes e fortes, pratos de sobremesa, jarras de água (para não estragar o visual com aquelas horrendas garrafas plásticas), um balde de gelo com prato embaixo para o vinho branco ou espumante e, por fim, um delicioso vinhos de sobremesa, refrescado, acompanhado de bolachinhas sequinhas e crocantes ou então frutas secas. Bom divertimento e bons goles!


sexta-feira, 5 de março de 2010

Degustar com Humildade

Dois dos descritores aromáticos que eu escutei e achei mais divertidos foram: aromas de caixa de chapéu e aromas de bosques úmidos da Noruega. Suas especificidades são absurdamente adoráveis e fazem a má fama de muitos degustadores. Beber é simples, mas degustar não é fácil pessoal!
Uma explicação rápida que me deu uma professora de inglês há muitos anos: temos duas memórias, uma ativa e uma passiva. No caso das línguas, a ativa é aquela que utilizamos na hora de falar, aquilo que está ali bem ao alcance, já a passiva é aquela que acessamos na hora de entender (em geral muito mais completa). Dessa forma, nosso vocabulário para falar em outra língua que não a nossa tende a ser menor do que aquele que armazenamos para compreender essa língua (nesse caso para ler ou escutar).
No momento da degustação temos que acessar nossa memória de aromas, fortemente arraigada a nossas experiências pessoais. Eu nunca cheirei uma caixa de chapéu e muito menos andei por bosques úmidos da Noruega. Mas sei que essas pessoas, muito mais do que quererem mostrar que perceberam aromas inacessíveis a outros, estão trazendo de sua memória emocional para sua experiência atual a informação da maneira que a armazenaram.
Verdade seja dita, a análise sensorial é uma atividade complexa e não facilmente praticada por todos. Mas ela tem regras e padrões, para que os que só chegaram até Piracicaba sejam capazes de entender os que estiveram na Noruega. O que significa isso? Significa que - por vezes - o enochato só foi mal compreendido (ou mal traduzido).
Caixa de chapéu deve conter aromas como mofo, papel, couro e eventualmente algum perfume de um sachê colocado lá dentro - ervas secas talvez ou flores silvestres. Todos esses 'desdobramentos' são descritores aromáticos válidos e mais facilmente reconhecíveis por quem se dedica a degustar vinhos de maneira (digamos) mais científica. Mas as pessoas que não estão familiarizadas com esses padrões não são necessariamente pessoas sem percepção aguçada. Elas só precisam de tradução.
Muito desagradável é quando um bebedor/enófilo faz uso de comparações enigmáticas como essa para tentar mostrar que sabe mais do que outros. Isso sim é arrogância, falta de humildade. E convenhamos, o que é que se ganha querendo parecer que sabemos mais do que os outros? O melhor conhecimento é aquele compartilhado.
Está no youtube (no endereço ao final do texto) um delicioso video de uma degustação às cegas proposta pelo chef Gordon Ramsay ao enófilo e escritor Matt Skinner.  Combinado ou não, o resultado é delicioso e funciona como um 'reality check' para os que se sentem acima de todos os aromas e sabores. Aliás esses devem ter cuidado, pois o etéreo mundo do vinho tem no céu somente aromas de evaporação, que são aqueles que chegam até as nuvens...
http://www.youtube.com/watch?v=-aI7sKlZM20&feature=player_embedded
Bom final de semana e bons goles!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Chile - para entender melhor

Nos últimos dias algumas pessoas têm me perguntado o que aconteceu de verdade com as vinícolas chilenas por conta do terremoto do último sábado.
Procurei imagens atuais, mas não encontrei nada relacionado com vinícolas. Então vou tentar explicar com fotos onde tudo estava bem e numa época do ano bem próxima desta.
A informação oficial que recebi ontem - com o primeiro levantamento feito pelas vinícolas - dá conta de perdas no valor de 250 milhões de dólares (125 milhões de litros), compilados pela associação' Vinhos do Chile'.
Vamos começar pelas videiras, possivelmente as menos afetadas pela catástrofe. Olhem a foto ao lado: a planta, apesar de forte e bem enraigada, é sustentada na conduação espaldeira por vigas de madeira ou concreto e vários níves de amarrações de arame. Tudo isso pode ser abalado durante um terremoto. E mais, perto do solo é possível ver uma cânula preta, utilizada para irrigação uma vez que o Chile é um país onde chove pouquíssimo. Esse sistema de irrigação é, em geral, controlado à custa de energia elétrica, uma das primeiras coisas que para quando há um evento como o sismo de sábado  último. Isso sem contar com a possibilidade desses finos canos arrebentarem no caminho.
Vamos para mais uma imagem, desta vez de um laboratório de análises, que todas as vinícolas têm em maior ou menor escala. A vinícola O.Fournier declarou em um comunicado para a imprensa que seu laboratório foi completamente destruído e eles nem estão muito próximos do epicentro do tremor. A foto ao lado não é da vinícola em questão, mas ajuda a ver o que pode ter acontecido.
Não sei o que aconteceu nesta vinícola, mas só de olhar a foto me dá um arrepio. O laboratório deles fica suspenso sobre os tanques, acessível por uma estreita escada de metal.
O Chile é um país que conserva muito suas tradições e como tem recursos para isso, as construções são bem preservadas e normalmente mantidas abertas e com função real para serem visitadas. Isso é bom e mau, pois mantêm construções por vezes mais delicadas expostas. Por outro lado, caves como a subterrânea da vinícola Concha y Toro, que declarou que sofreu perdas consideráveis, ficou intacta. A foto mostra o local original da cave conhecida como Casillero del Diablo, onde hoje não estão mais os vinhos com esse nome, mas sim a linha mais especial e cara da vinícola. Subterránea, seu piso é de terra, molhada todos os dias para manter a temperatura estável e não comprometer as preciosas barricas que lá descansam à luz muito baixa. Felizmente esse local escapou de qualquer dano.
Mas muitas vinícolas, tal qual a Concha y Toro, produzem uma quantidade muito grande de vinhos e boa parte deles passam por um amadurecimento em barricas de madeira e o espaço físico é limitado. Então, tentem imaginar o que é um terremoto em um local como a vinícola da foto ao lado.
Existem outras com uma terceira camada de barricas empilhadas. Dói só de pensar...
E por último, as garrafas, não somente de vinhos especiais, armazenadas em locais geralmente mais estreitos e talvez até mais protegidos. Mas aquelas garrafas de vinhos praticamente prontos, engarrafados e aguardando na linha para serem rotulados, encaixotados e despachados para seus países compradores. A última foto mostra uma grande vinícola que fica bem próxima da área mais afetada. E nela seus enormes estoques de caixas plásticas que contêm centenas de garrafas dentro.Tentei contato com duas pessoas conhecidas de lá, mas até agora não sei de nenhuma notícia deles. Confesso que é preocupante.
Enfim, espero que essas imagens sejam capazes de dar uma nova perspectiva ao que aconteceu por lá, nessa que é a terceira indústria mais importante do Chile.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Os Vinhos de Altitude


A foto acima é da propriedade da Vinícola Santo Emílio em Urupema, Santa Catarina. Tudo por lá é lindo, a paisagem, os vinhedos, a casa onde os visitantes são recebidos para almoçar e os proprietários, claro. Os irmãos Binotto, levados ao mundo do vinho pela paixão da irmã Elizabeth, cuidam do negócio com profissionalismo e carinho (combinação que só pode dar certo). Para facilitar, eles têm a consultoria da enóloga argentina Susana Balbo (que dispensa comentários) e o talento da jovem enóloga gaúcha Patrícia Poggere.
Os vinhos são, por enquanto, três: um tinto assemblage chamado Leopoldo e dois espumantes, um rosé brut (Stellato) e um Moscatel (Cellebrato). Só não provei ainda o Moscatel, mas os outros valem o quanto custam.
Elizabeth B. Binotto me avisa que a vindima só deve começar por lá no final de março e que os cachos pesados nas videiras estão muito bonitos!


Acima estão os parreirais da vinícola Suzin, em São Joaquim. Implantados com a dedicação de dois irmãos que já dividiam com o pai o cultivo das terras altas para outras frutas e tubérculos. Everson Suzin foi, inclusive, fazer uma pós-graduação em enologia para poder entender melhor a nova cultivar.
Os resultados estão em dois vinhos tintos varietais, um Cabernet Sauvignon e um Merlot, que dividem atenções, gostos e opiniões aqui em casa. Melhor provar os dois e emitir seu próprio parecer.
(Observação: a Suzin tem também um rosé e um varietal Pinot Noir que eu ainda não provei, mas estão na lista).
Everson avisa que este ano as coisas pareciam mais graves nos vinhedos do que se revelaram na hora da colheita. Muita chuva, muito calor e a impressão de que as perdas seriam grandes. Mas a colheita da Pinot Noir, que terminou ontem, foi bastante satisfatória. Já a Merlot, ainda nas parreiras, está com 21 Brix e sua colheita só está prevista para o final do mês, o que sem dúvida é um bom prognóstico. A Cabernet só virá em abril, para o meio do mês e também vai indo bem. Boas notícias, sem dúvida.

Para finalizar, uma linda imagem do lago na fazenda da vinícola Villaggio Grando ao por do sol, em Herciliópolis, zona central de Santa Catarina. Ainda não sei como estão as coisas por lá, mas tenho aqui o novo espumante da empresa para provar. Espero que sejam bons goles!

terça-feira, 2 de março de 2010

Mais um Chardonnay Premium

Será lançado, na próxima EXPOVINIS em abril deste ano, o primeiro varietal Chardonnay Super Premium da Vinícola Miolo. Ele entrará na mesma linha onde estão o Miolo Merlot Terroir, o espumante brut Millésime, o Cuvée Giuseppe e o Lote 43.
Atualmente a Miolo só tem um varietal de Chardonnay na sua linha Reserva. Entre todos os produtos da Miolo Wine Group, só há mais um varietal dessa cepa, na linha Premium da vinícola Lovara.
O lançamento deste ano vem de vinhedos próprios (foto ao lado) no Vale e foi trabalhado para ter um bom equilíbrio entre madeira e fruta além de muita delicadeza.
Dessa forma, a Miolo passa a ter, assim como as vinícolas Valduga e Salton, um Chardonnay especial em sua linha mais importante. A Valduga foi a primeira a lançar, em 2008, seu Chardonnay Gran Reserva (foto abaixo a esquerda), até agora o mais elegante Chardonnay brasileiro. No ano passado foi a vez da Salton, com o lançamento do Salton Virtude (foto abaixo a direita), também na Expovinis.



segunda-feira, 1 de março de 2010

Um Brinde do Doce Néctar dos Deuses a um Homem de Bem!

Dois dias com notícias tristes em seguida.
Mas não é possível deixar passar o registro do falecimento do empresário José Midlin, provavelmente um dos mais cultos e generosos homens de negócios do Brasil.
Doou sua imensa biblioteca particular (a maior do país) para a Universidade de São Paulo que está construindo um prédio para abrigar essa rara coleção.
José Midlin tinha quase 100 anos (nasceu em 1914) e, quando foi entronizado como imortal na Academida de Letras (em 2006), afirmou que não queria ser imortal, mas que gostaria de ter ao menos mais dez anos de vida para poder ler mais.
É preciso dizer mais alguma coisa?
É preciso apontar em nossa sociedade onde falta estudo, cultura, conhecimento, leitura e - mais ainda - generosidade?
Creio que não.
Com mais uma frase do próprio Midlin: "Os homens passam, os livros ficam".
Sejamos gratos!